A etiologia da incontinência urinária quase sempre é multifatorial, fatores mecânicos, hormonais, neurológicos e alterações bioquímicas podem ser responsáveis pelo surgimento da incontinência. É difícil estabelecer uma única causa normalmente o que ocorre é a associação de diversos fatores (SANTOS).
Existem situações onde a incontinência pode ser transitória ou definitiva. A incontinência transitória tem inicio súbito e normalmente esta associada a condições clinicas agudas ou ao uso de drogas e tende a ser resolvida quando removida a causa ou causas subjacentes. As causas definitivas da incontinência urinária, não estão relacionadas com problemas agudos e sim com alterações que persistem ao longo do tempo (FREITAS et al 2006).
A incontinência urinária é classificada de acordo com a causa básica e a maneira pela qual há perda da urina. De acordo com Moreno (2004), a incontinência urinaria pode ser dividida em uretral e extra-uretral, conforme ocorra à perda urinária pela uretra ou não.
É caracterizado pela perda de urina por canais além da uretra. Isso pode ocorrer devido a uma má formação congênita, traumatismos, infecções ou carcinomas (POLDEN e MANTLE, 2005).
Moreno (2004) descreve as condições extra-uretrais como perda continua de urina por via externa à uretra sendo a causa mais comum os distúrbios congênitos como, por exemplo, ureter ectópico.
-> Condições uretrais
A Incompetência do esfíncter uretral ocorre quando há um desequilíbrio entre a pressão vesical e pressão uretral, ou seja, quando a pressão intravesical se torna maior que a pressão uretral provocando a incontinência (MORENO, 2004). (Figura 2 – ver anexo)
A Instabilidade do detrusor é definida como perda involuntária de urina devido a um excesso de contração do detrusor durante a fase do enchimento vesical. A instabilidade do detrusor pode surgir por causa de patologias que afetam o sistema nervoso central em que este não consegue inibir sinais sensoriais aferentes provenientes da bexiga dando-se, por isso uma contração involuntária. Existe ainda a situação onde não há qualquer deficiência do sistema nervoso central, e o mesmo não é capaz de inibir, de maneira eficaz, o sinal aferente vesico-sensorial, pois os mesmos chegam a quantidades maiores que o normal (MORENO, 2004).
Quando ocorre retenção por transbordamento a urina fica acumulada na bexiga e tem dificuldade para sair, esse acúmulo pode ser causado por uma alteração no suprimento nervoso ao detrusor e por isso ele não consegue se contrair, ou o detrusor pode estar muito estirado não podendo se contrair de forma eficaz, ou ainda uma obstrução resultando em retenção crônica de urina. Raramente a pressão vesical se eleva e ultrapassa a pressão uretral e a urina passa em pequenas gotas surgindo assim à incontinência (POLDEN e MANTLE, 2005).
Nas causas congênitas, Moreno (2004) relata que a hipospádia apesar de ser rara nas mulheres, pode apresentar-se como incontinência urinaria de esforço devido o envolvimento da porção inferior da uretra. Elas representam graus mais leves de extrofia e o grau da incontinência dependera da extensão da uretra acometida.
A Miscelânea refere-se à existência de mais de um tipo de incontinência, normalmente tem diversas causas, como irritações vesicais, hiperatividade do detrusor. Devem ser incluídos ainda os usos de drogas farmacológicas (FREITAS, 2006 e MORENO, 2004).
-> Tipos de Incontinência Urinária
1. Incontinência Urinária de Esforço
A incontinência urinaria de esforço é a perda involuntária de urina, através da via de saída fisiológica sadia, porém a pressão vesical excede a pressão uretral máxima na ausência da atividade do detrusor, ou há uma alteração no mecanismo do esfíncter uretral e a atividade do detrusor continua normal. Essa alteração provoca perda de urina quando o individuo realiza algum tipo de esforço, por exemplo, tossir, correr, abaixar, etc, (GROSSER e SENGLER 2002).
O termo IUE puramente apenas designa o sinal e o sintoma, porém não constitui o diagnóstico. Como sintoma a incontinência de esforço ocorre durante exercícios como tossir, espirrar, rir, abaixar. E como sinal pode ser demonstrado quando há aumento da pressão abdominal, enquanto a paciente esta sendo avaliada (STEPHENSON e O’CONNOR, 2004).
A IUE é o tipo mais comum de perda de urina. Cerca de 45por cento da população feminina apresenta algum tipo de incontinência urinária, calcula-se que 50% desta apresentam incontinência urinária de esforço (FREITAS, MENKE e RIVOIRE, 2002).
A freqüência da incontinência de esforço aumenta com a idade e paridade, outros fatores também podem contribuir para surgimento da incontinência como obesidade, tabagismo, infecções e alterações hormonais (RIBEIRO e ROSSI, 2000 apud BELÃO, 2004).
2 Urgência Miccional
É caracterizada pela perda involuntária de urina associada a um forte desejo de urinar com atividade do detrusor. Nesse tipo de incontinência ocorrem duas causas principais a urgência sensorial, onde há hipersensibilidade nos receptores da parede da bexiga e as vezes da uretra, desse modo no momento em que a bexiga começa a encher são desencadeadas contrações precoces. E a urgência motora contrações precoces e involuntárias são produzidas durante a fase de enchimento (BARACHO, 2002 e POLDEN e MANTLE, 2005).
3. Incontinência Urinária Mista
É a combinação da IU de esforço mais a IU de urgência. O aumento da pressão abdominal mais as contrações não inibidas do detrusor somam duas forças de expulsão e superam a pressão de fechamento uretral (BARACHO, 2004).
4. Incontinência Urinária por Hiperfluxo
É caracterizada por qualquer perda involuntária ligada a distensão excessiva da bexiga, onde a urina fica acumulada e tem dificuldade para sair. Normalmente a pressão na bexiga se eleva ultrapassando a pressão uretral e a urina passa em pequenas quantidades, em geral por um movimento de esforço, ate que as pressões se igualem. Isso faz com que tenham um volume residual significativo elevando a pressão novamente. Esse tipo IU pode surgir devido um dano neurológico à inervação da bexiga, uma obstrução, prolapso, constipação (POLDEN e MANTLE, 2005).
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